09/10/2014 - ANIVERSÁRIO IN MEMORIAN DE 69 ANOS DE TAIGUARA. (O HOMEM MORRE, MAS, SUA OBRA FICA! PERPETUANDO SEU NOME PARA A ETERNIDADE)





Hoje dia 09 de Outubro de 2014, se neste plano ainda estivesse, Taiguara, um dos maiores ícones da Música, literatura, comunicação e política do Brasil nos anos 70, estaria completando 69 anos de idade, porém, acreditando que O HOMEM MORRE, MAS, SUA OBRA FICA! PERPETUANDO SEU NOME PARA A ETERNIDADE, fica aqui, transcrito da Página oficial de Taiguara Chalar da Silva no Facebook, a mensagem postada por sua filha Moina Lima, onde o próprio Taiguara descreve sua imortalidade.


  
"Não! Eu jamais seria um homem. Tampouco um cavalo selvagem que vive de correr sob os temporais. Menos ainda eu poderia assemelhar-me a uma árvore que protege e ampara os bichos que se perderam de suas luas cheias. Eu sou, isto sim, uma síntese. A mais curiosa, elaborada, irresistível e arrebatadora de todas as sínteses. A mais irretocável. Posto que eu sou a síntese repleta de espaços, de lacunas, de frases a serem refeitas. A síntese única, ratifico, que sorri frente aos espelhos sempre tão toscos e mal feitos da realidade. A síntese sábia, capaz de ver-se devorada, diariamente, pela força intransigente da esperança. Não a síntese possível, que eu abomino a educação das possibilidades, dos restos, do que virá a sobrar um dia. A síntese desejada, sexual, incapaz de escandalizar-se pelas declarações de amor no masculino. Eu sou, também, o libertador da palavra. O conquistador humilde, rosto ensanguentado de frases temerosas dos pontos finais. O construtor da crença na junção tão honesta das mil declarações de amor com os parágrafos inesgotáveis do que não teme as reclamações jocosas, debochadas, logo, inúteis, do fim da delicadeza. A minha delicadeza suprema, a mais sublime, a mais constitutiva da personalidade dos meus pensamentos aponta, óbvio, para a liberdade tão pouco linear, tão absurdamente apaixonada do meu beijo maroto nos ex escravos dos países dominados pela tristeza. Tristeza. Eu não a conheço. Eu sei, ainda que remotamente, de suas aparentes sentimentalidades, de seus advérbios tantos, de suas musculaturas indevassáveis, antes que eu assinasse meus pelos embaralhados sobre seu ventre. Eu não tenho idade, geografia, influências da natimorta origem medieval de tudo o que finge ser trágico. Eu não nasci. Eu não passei pelas incertezas absolutas de nenhum dia nublado. Eu vou além das crianças. Eu aprendo com sua inteligência transcendente às mentiras, como me vejo ensinado
pela doçura feminina dos lábios de todas as moças que me excitam a alma e me mimetizo na mais intocável de suas missões: devolverem amor a quem negou a sinceridade prenhe da reunião matinal de todas as vontades. Nunca me será relembrado pelos conhecimentos solidificados pela insuportável ausência do medo o tom real de minha voz. Nunca ! Minha voz é essencial. Feito a vontade que faz acordar a vida, mesmo após noites, dias e covardias inteiras impostas pelos olhos tão abertos da mediocridade. Feito o espaço quase imperceptível que habita a ausência de antropologia contida nas religiões ocidentais. Feito o silêncio que me emociona tanto ao chorar ( e eu choro imensamente...) sem resignações no colo de minha avó. Não tenho epiderme, tecidos, veias ou retinas. Não tenho também construções sempre artificiais de cultura. Como não tenho nem mesmo cor nos olhos, unhas que crescem, solas nos pés ou, quem sabe, uma legião de dentes. Não ! Gêmeo interminável das literalidades e, sobretudo, amante indecoroso e sem pudores das minhas verdades (minhas, imponho, somente minhas !), sou, desde apenas sempre, total, completa e absolutamente negro. Acima de todos os sentidos. Sou festa redundante de orixás, sou conjunção irresponsável de artistas que trabalham a magia do futuro, sou o atabaque que golpeia o ódio. Sou o amor corporificado e aprimorado pela alegria do dialeto que não se submete à correção, à empáfia ou ao estilo. Sou a bagunça enciclopédica pintada e escavada no fundo do solo da Tanzânia. Meus infinitos filhos serão mais negros ainda que eu. Uma vez que, tendo o gosto apaixonado que jorra de tudo em mim, serão, efetivamente, também índios. Sou bem mais que a música. Sou a influência definitiva e fundamental da primeira melodia indescritível, a velocidade mais insuperável dos dedos no instante da conquista, o assovio mais distante do compromisso com a ausência do sublime, a transparência mais incólume contra o previsível, a loucura mais sagrada a embriagar-se de delírios, a mansidão infindável de corais agigantados pelo futuro, a visceralidade de todos os primeiros amantes. Sou, efetivamente, a ousadia, MUSICAL, de empenhar o tudo, o todo, a completude das minhas heranças e das minhas genéticas no grito mais irresistível que ouvi. E decidi espalhar: o do meu nome. Não serei lembrado pelos santos mentirosos do tédio. Não representarei a unanimidade moderna que não se apaixona. Os rostos tão comuns das certezas não se recordarão de quando se encontraram comigo. Apenas uma janela me terá sob sua influência: a do caminho que leva ao momento raríssimo do namoro da liberdade com a transgressão. Da própria existência. Para que eu nunca descanse, nunca repouse, nunca faleça. Porque ousaram me chamar de TAIGUARA. TAIGUARA CHALAR DA SILVA..."

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Taiguara e Gutemberg Landi - Sesc Meriti/RJ 1989
Projeto Quintas Musicais
A Matéria Morre... O Espirito Transcende Para Um Espaço Superior... E As Obras, há! Essas Ficam Imortalizadas E Nos Levam Sempre Que Queremos Até A Presença De Seu Criador, Para Que Assim Possamos Com Ele Conversar E Manter Vivos Seus Sonhos, Planos, Ideais e Ideologia... Parabéns Prezado Amigo, Feliz Aniversário Sempre!!!
Gutemberg Landi.
09.10.2014

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